Primeiro de Maio
O dia primeiro de maio foi escolhido como dia dos trabalhadores como uma forma de assinalar e de lembrar as muitas e difíceis lutas que marcaram a história do movimento sindical no mundo. O dia é uma homenagem aos trabalhadores da cidade de Chicago que, em 1886, enfrentaram forte repressão policial por reivindicarem melhores condições de trabalho e, especialmente, uma jornada de oito horas. Nesse episódio houve trabalhadores mortos e presos que, desde então, tornaram-se símbolos para todos os que desejavam se engajar na mesma luta.É possível observar que, já no início do século XX, os trabalhadores brasileiros passaram a assinalar o primeiro de maio com manifestações que ganhavam as ruas e faziam demandas. No Rio de Janeiro, então capital da República, esses fatos ocorreram, por exemplo, em 1906, pouco depois da realização de um I Congresso Operário, onde a presença de trabalhadores anarquistas foi muito importante. Em muitos outros anos, durante a chamada Primeira República, o primeiro de maio seria um momento de reivindicar e de demonstrar a força dos trabalhadores organizados em algumas cidades do país. Nessa época, as lideranças do movimento operário realizavam meetings e comícios para a propaganda de suas idéias e também organizavam boicotes e greves, enfrentando o patronato e a polícia. As principais reivindicações foram a jornada de oito horas de trabalho (quando se trabalhava de 10 a 12 horas por dia), a abolição do trabalho infantil (crianças de seis anos eram operários) e a proteção ao trabalho da mulher, entre as mais importantes. O primeiro de maio, ensinavam as lideranças, não era dia de comemorar, mas de protestar e ganhar aliados. Um dia para se valorizar o trabalho e os trabalhadores tão sem direitos.
Dando um salto muito grande, um outro período em que o primeiro de maio ganhou relevo para a história do movimento sindical e para o país foi o dos últimos anos da década de 1970. O Brasil vivia, mais uma vez, sob um regime autoritário, mas o movimento sindical começava a recuperar sua capacidade de ação e de reivindicação. Grandes comícios então se realizaram, sobretudo em São Paulo, onde se protestava contra o "arrocho salarial" imposto aos trabalhadores, e se denunciava o regime militar. Essa era grande bandeira e projeto do movimento sindical: combater a ditadura militar e lutar por melhores salários e liberdade de negociação.
E o primeiro de maio hoje? Certamente, ao longo de mais de cem anos, é bom reconhecer que tantas lutas não foram em vão. Os trabalhadores de todo o mundo conquistaram uma série de direitos e, em alguns países, tais direitos ganharam códigos de trabalho e também estão sancionados por Constituições. Mas os direitos do trabalho, como quaisquer outros direitos, podem avançar ou recuar com o passar do tempo e com as pressões de grupos sociais organizados. Assim, em 2002, os trabalhadores brasileiros estão vivendo um momento onde se discute a "flexibilização" de alguns desses direitos. Uma questão polêmica, ainda não resolvida, e que divide políticos, estudiosos do dia-mundial-do-trabalho-1, lideranças do movimento sindical e também trabalhadores. O primeiro de maio certamente irá retomar esse debate, particularmente porque ele se faz numa situação de grande medo para o trabalhador: o medo do desemprego. Esse medo assume muitas faces: a dos trabalhadores que vivem de "bicos"; a dos jovens trabalhadores ou a dos "velhos" (os que têm mais de 40 anos) que não encontram emprego; a dos trabalhadores pouco qualificados que não conseguem mais postos de trabalho; ou daqueles que trabalham sem qualquer tipo de direito.
O primeiro de maio de 2002, no Brasil, é uma boa oportunidade para reflexões em torno do rumo que se deseja dar aos direitos do trabalho. Direitos que fazem parte de um pacto social e cuja defesa esteve sempre nas mãos de organizações de trabalhadores. Pensar nesses direitos é também pensar no que são essas organizações sindicais, hoje, no Brasil.
Dia Mundial do Trabalho
Primeiro de Maio
A história do Primeiro de Maio mostra, portanto, que se trata de um dia de luto e de luta, mas não só pela redução da jornada de trabalho, mais também pela conquista de todas as outras reivindicações de quem produz a riqueza da sociedade.” Perseu AbramoEles eram submetidos a uma jornada diária de 13 horas, e reivindicavam a redução para oito, como é atualmente. Naquele dia, o tumulto tomou conta da cidade. Pessoas foram presas, muitas ficaram feridas e algumas chegaram a morrer no conflito com a polícia.
No ano de 1889, em homenagem à greve geral de Chicago, o Congresso Socialista, em Paris, instituiu a data de 1º de Maio como o Dia Mundial do Trabalho.
No Brasil, o reconhecimento só ocorreu em 1925, pelo então presidente Arthur Bernardes, que decretou 1º de Maio como feriado nacional. Comícios, passeatas e manifestações sindicais costumam marcar a passagem da data.
Nenhum comentário:
Postar um comentário